Educação pública, presencial, gratuita e de qualidade já!

Seminário Nacional debate campanha “Educação não é fast-food”, que entra em nova fase
Auditório lotado para discutir a graduação à distância em Serviço Social (foto: Rafael Werkema)

Com mais de 100 representantes dos CRESS e Seccionais de todo o país, integrantes das diretorias dos Conselhos Federais de Biologia, Enfermagem, Farmácia e Administração, além da representação do Fórum dos Conselhos Federais das Profissões Regulamentadas (Conselhão), o Conjunto CFESS-CRESS, ABEPSS e ENESSO, em parceria com o Sindicato Nacional dos Docentes de Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN), realizou o Seminário Nacional em Defesa da Educação com Qualidade: a graduação à distância em debate. O evento ocorreu em Brasília nesta quarta-feira, 29 de junho.

Saudando o público, a presidente do CFESS, Sâmya Rodrigues Ramos, deu início aos trabalhos, ressaltando a importância do evento, que é o primeiro seminário da atual gestão, especialmente em um momento de renovação das direções dos CRESS e Seccionais. "Um de nossos objetivos foi alcançado: estamos intensificando o debate sobre o ensino à distancia no Brasil e sobre o futuro de nossas políticas publicas de educação, que atualmente não asseguram a educação como direito de todos/as e como dever do Estado. Por isso é tão importante que estejamos aqui, com aliados históricos", destacou.

Em seguida, o professor Cláudio Tonegutti, integrante do ANDES-SN, prosseguiu às intervenções, destacando a importância do seminário para o aprofundamento e discussão das implicações do ensino à distância no desenvolvimento das políticas públicas de educação no Brasil. "O ANDES vem discutindo a Educação à Distância, em especial a questão de sua utilização em substituição ao ensino presencial e, por isso, acreditamos que este evento nos dará subsídios para ampliar essa discussão, principalmente para o debate do Plano Nacional de Educação (PNE)", observou.

Também na luta, a presidente da ABEPSS Claudia Mônica dos Santos explicitou alguns dos atuais projetos da entidade, como a ABEPSS Itinerante, a revista Temporalis, traçando um paralelo em como utilizá-los para o fortalecimento da luta por uma educação de qualidade, em especial na América Latina. "Ressalto também como é fundamental da presença dos CRESS, para que possamos também agregá-los à atuação de nossos regionais da ABEPSS na mesma luta", afirmou.

Cláudio Tonegutti (ANDES), Sâmya Ramos (CFESS) e Cláudia Mônica (ABEPSS) na mesa de abertura do evento (foto:Rafael Werkema)

Graduação à distância: Democratização ou mercantilização?
A segunda mesa do seminário, Graduação à distância no Brasil: democratização ou mercantilização?, começou com a exposição do professor César Minto, do ANDES-SN, que parabenizou o Conjunto pela campanha que, segundo ele, questiona com concretude a formação que vem sendo oferecida aos/às profissionais brasileiros/as.

E Minto não poupou argumentos para mostrar a incompatibilidade do EaD com o que se entende por  educação e ensino.  "O que está em jogo é uma disputa ideológica", afirmou.

O representante do ANDES enfatizou aspectos filosóficos e psicopedagógicos que fazem com que o ensino presencial seja essencial para formação do indivíduo, no âmbito pessoal e profissional, enquanto sujeito capaz de fazer uma leitura crítica da realidade. "Sujeitos construtores da sua história, em defesa de sociedade livre, democrática, justa e humanitária". Segundo ele, o EaD não dá conta disso porque o ambiente virtual impossibilita qualquer interação humana.

César Minto resgatou alguns conceitos fundamentais, cunhados por educadores, afirmando que educação é muito mais amplo do que ensino, que, por sua vez, não é equivalente a atividades didáticas. "Não falamos em 'Educação a Distância', pois este termo não abrange diversas das dimensões essenciais à caracterização da educação, mas, no máximo, em 'Ensino à Distância'. Por fim, o EaD não prepara para a vida em sociedade, portanto pode até ensinar, mas não educa. Atividades formadoras são necessariamente presenciais, pois são as únicas que promovem saberes socialmente referenciados".

Entretanto, ele fez questão de destacar que não é contrário às chamadas tecnologias de informação e comunicação (TIC), "que não caracterizam e sequer são exclusivas do EaD", como instrumentos de apoio ao ensino, mas enfatizou que estas nunca devem substituir a formação inicial presencial.  

Ao final de sua fala, Minto ressaltou novamente a coragem do Conjunto CFESS-CRESS, ABEPSS e ENESSO em lançarem uma campanha "ousada e provocativa", que critica a maneira como o governo brasileiro vem tratando a política de educação do país, e reafirmou o apoio do Sindicato à luta pela educação pública, presencial e com qualidade.

César Minto (ANDES) e Cláudia Mônica (ABEPSS) falaram sobre a incompatibilidade entre a formação com qualidade e o EaD (Foto: Diogo Adjuto)

Já a presidente da ABEPSS, Cláudia Mônica, trouxe a discussão para o âmbito da graduação em Serviço Social. Ela apresentou os parâmetros essenciais para formação com qualidade, defendendo que a modalidade presencial favorece essa perspectiva, e que o EaD está na contramão desse projeto de formação profissional do Serviço Social Brasileiro.

"Defendemos uma primorosa capacitação teórico-metodológica, ético-política, técnico-política e investigativa. Uma capacitação apta para apreender as demandas postas no mercado de trabalho, tradicionais e emergentes", ressaltou.

Mônica destacou algumas propostas das Diretrizes Curriculares, entre elas a de defesa de uma "lógica curricular inovadora, que supere a fragmentação do processo de ensino-aprendizagem, e permita uma intensa convivência acadêmica entre professores, alunos e sociedade".

A presidente da ABEPSS também apresentou dados inicias de uma pesquisa, ainda em andamento, da professora Larissa Dahmer (Universidade Federal Fluminense/Niterói) sobre os cursos de graduação à distância em Serviço Social.  "Na análise inicial das informações sobre os cursos disponíveis nas páginas virtuais de 14 Instituições de Ensino Superior (IES), foram encontradas dificuldades de acesso a informações essenciais para o maior conhecimento do curso (inclusive por parte dos discentes e ou futuros discentes): relação do corpo docente, sua titulação e produção acadêmica". E segundo Cláudia Mônica, a avaliação inicial da ABPESS sobre o material didático dos cursos EaD na pesquisa é a de que a abordagem desses materiais é superficial, simplista e com equívocos de ordem teórico-metodológica e ético-política sobre a profissão

Para finalizar, a presidente da ABEPSS trouxe depoimentos de estudantes que cursaram até o 4º período de Serviço Social EaD, que confirmam as inúmera fragilidades deste modelo de graduação.

Educação não é fast-food
Na ocasião, o CFESS apresentou a campanha Educação não é fast-food: diga não para a graduação à distância em Serviço Social, mostrando aos CRESS e aos/às demais participantes todos os materiais produzidos para essa luta: cartaz, adesivo, hotsite, spot de rádio, vídeos interativos, marcador de livro e cartão postal. Tudo está disponível para download. Também foi distribuído o CFESS Manifesta da campanha.

Mesa de apresentação da Campanha com Marina Barbosa (ANDES), Lucia Lopes (CFESS), Juliana Melim (CFESS) e Maria Helena Elpídio (ABEPSS) (Foto: Rafael Werkema)

A coordenadora da Comissão de Formação do CFESS, Juliana Melim, deu prosseguimento ao debate na mesa de apresentação nacional da campanha, que tinha como objetivo também a definição de estratégias para ampliação da Campanha após o seminário. A conselheira fez um histórico do processo de discussão da luta pela educação com qualidade, desde 1996, a partir da análise do processo de mercantilização da política de educação do país. "A partir de 2008, com a criação do GT Trabalho e Formação, em conjunto com os CRESS, ABEPSS e ENESSO, pudemos aprofundar a formulação teórico-crítica, que é a base para ações concretas na luta pela educação de qualidade, laica, gratuita e presencial", explanou.

Juliana também apresentou dados . De maio até junho de 2011, o site da Campanha teve 11 mil acessos. Os perfis criados nas redes sociais Facebook e Twitter também tiveram grande repercussão, resultando em um total de 700 e-mails recebidos pelo CFESS, com críticas, elogios, sugestões e comentários. Juliana Melim mostrou ainda o novo link no site "Educação não é fast-food", em que os/as internautas podem enviar mensagens ao Ministério da Educação (MEC), manifestando o apoio à educação pública, gratuita e presencial.

Na mesma mesa, a Coordenadora Nacional de Graduação da ABEPSS, Maria Helena Elpídio, afirmou que a campanha chega em um momento crucial, de barbárie capitalista e de precarização do trabalho e da formação profissional. "Quando fazemos a crítica ao EaD, estamos fazendo a defesa de nosso projeto ético-político e de sua materialização. Estamos em um processo de dilapidação de todo e qualquer direito no Brasil.  Por isso, reforçar a dimensão da orientação política é estratégico para socializar subsídios a fim de que a campanha ganhe a materialidade que é necessária", completou.

Segundo Maria Helena, "nossa fala é no sentido de chamar todo o Conjunto, com os regionais da ABEPSS e com a categoria, para essa campanha, bem como construir novas estratégias de enfrentamento e de debate sobre a precarização do ensino de graduação em nosso país". Segundo ela, a articulação entre as entidades é essencial para o fortalecimento da luta.

Última a falar, a presidente do ANDES-SN, Marina Barbosa Pinto, expressou a satisfação em participar do seminário. "Falo de uma base que congrega docentes de instituições privadas, públicas, independentemente de sua formação profissional. Falo como assistente social, professora e militante de uma categoria que escolheu por lutar em defesa de uma nova formação profissional, que se vincula a uma nova concepção de sociedade", definiu.

A professora apontou que compreender o lugar do Brasil na nova divisão internacional do trabalho coloca a exigência de um novo profissional, com uma formação de qualidade, de modo a inserir o país na engrenagem do desenvolvimento mundial. "E isso exige que lutemos por uma formação de qualidade, presencial, conforme os princípios de nosso projeto ético-político profissional. A nossa profissão exige uma formação ética, política, de debate, dimensões que não estão sendo oferecidas pelo EaD", disse.

Marina Barbosa finalizou sua palestra, apresentando alternativas de ação para o fortalecimento da luta desencadeada pela Campanha das entidades representativas do Serviço Social. "Para isso, devemos entrar no ensino médio, que é para quem esse tipo de ensino está sendo ofertado. Podemos ainda procurar outras entidades da educação e movimentos sociais, que podem ter em seu interior sensibilidade a essa questão. Precisamos ir pra rua com essa campanha. Quero sinalizar que a campanha expressa a vitalidade e a opção política que a categoria carregou ao longo dos últimos 30 anos. Capacidade coletiva de lutar e dar passos mais fortes nessa luta", assinalou.

Marina Barbosa, assistente social e presidente do ANDES: " A nossa profissão exige uma formação ética, política, de debate, dimensões que não estão sendo oferecidas pelo EaD" (Foto: Rafael Werkema)

Campanha ganha novos aliados

Durante o debate, os CRESS e representantes de outras categorias profissionais fizeram questão de manifestar apoio à campanha.

Para Inga Mendes, vice-presidente do Conselho Federal de Biologia (CFBio), a campanha é importante porque torna pública a defesa da educação com qualidade. "A Biologia também tem enfrentado problemas relacionados à graduação à distância", afirmou.

A professora de educação física e representante do ANDES, Astrid Avila, também elogiou a iniciativa das entidades CFESS-CRESS, ABEPSS e ENESSO. "É uma campanha imagética, provocativa, que mostra as consequências nefastas da mercantilização da educação. Por isso, está na hora de ela ir para fora, pois o problema que ela trata não é exclusivo do Serviço Social, mas de outras categorias, inclusive a Educação Física. Estamos falando da política de educação do país", ressaltou.

Vice-presidente do CFBio, Inga Mendes, manifesta apoio dos biólogos à Campanha (Foto: Diogo Adjuto)


Envie seu recado para o MEC

Depois de a campanha "Educação não é Fast-food" escancarar os problemas da graduação à distância e sua incompatibilidade com o Serviço Social, ela agora parte para uma nova etapa, que é a de denunciar ao MEC as inúmeras irregularidades do EaD e, principalmente, cobrar do Estado educação pública, presencial, laica e de qualidade. "Provocamos o debate e diversos setores começam a se manifestar. Estamos abertos ao diálogo, mas mantendo nosso posicionamento crítico frente à política de educação do país, mercantilizada e discriminatória. Defendemos o acesso à universidade para todos/as, mas queremos que este acesso seja presencial, público e de qualidade", afirmou Sâmya.

Hotsite da campanha agora cria canal direto com o MEC

Ainda não enviou seu recado ao MEC? Entre no hotsite da campanha e manifeste seu apoio à luta pela educação presencial, pública, gratuita, laica e de qualidade

Leia o CFESS Manifesta especial "Educação não é fast-food"

Relembre: Conjunto CFESS-CRESS, ABEPSS e ENESSO lança campanha "Educação não é fast-food"


Conselho Federal de Serviço Social - CFESS
Gestão Tempo de Luta e Resistência – 2011/2014
Comissão de Comunicação

Diogo Adjuto - JP/DF 7823
Rafael Werkema - JP/MG 11732
Assessoria de Comunicaçãocomunicacao@cfess.org.br

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